Creio que, como a maioria esmagadora dos moradores destas terras, tenho acompanhado os Jogos Olímpicos mais do que deveria. Ou pelo menos da maneira errada. Há coisas que não consigo entender com clareza por mais que me esforce. Esta situação de todos os países condenarem 'oficialmente' a guerra entre Rússia e Geórgia mas não tirarem o olho do quadro de medalhas, me faz refletir sobre quem sou neste universo crítico.
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Ninguém protestou deixando de participar. Ninguém julgou a participação da Rússia inconveniente num contexto de 'irmandade' dos jogos. Ninguém deixou de olhar para o quadro de medalhas, sobretudo da maneira como convém.
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Os EUA chegaram a mudar o referencial para parecer melhor. Todos sabem que o que mais vale é o número de medalhas de ouro que qualifica melhor, e não o total de medalhas. Mas era circulado nos EUA que eles estavam em primeiro porque tinham mais medalhas que a China. Até que a China os ultrapassou até no número total.
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Quanto ao Brasil, o melhor é ouvir as declarações do tipo "ficamos em sétimo, mas é muito bom, pois nas Olimpíadas passadas ficamos em oitavo". Nesta projeção, até a volta de Jesus o Brasil estará bem melhor! Oh!
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Isto me lembra uma música do Gabriel, o pensador: Brazuca é bom de bola (...) porque não existe educação pro povo no país do futebol. E neste contexto nos frustramos porque percebemos que nem somos um país 'moderno' (falta água encanada à maioria, esgoto, salário digno, emprego, escola, posto de saúde, acesso, etc., etc., etc.) e nem somos um país expressivo nos esportes.
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E ainda ficam os locutores das emissoras que transmitem obrigatoriamente a mesma coisa querendo inscrever em nós o pensamento de que, se não somos tão bons em assuntos de política pública e social, ao menos somos bons no esporte. Não somos! Não somos um monte de coisas. Aliás é bom lembrar que a única medalha de ouro do Brasil nestes jogos até o momento em que escrevo veio do lugar mais inesperado. O nadador não patrocinado oficialmente, que paga seu treinamento por conta própria apoiado apenas pela família, morando nos EUA há mais de três anos.
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Por tudo isto, acima de tudo, precisamos ser algo: conscientes de que o Brasil não o 'Brasil Olímpico' que querem nos fazer enchergar!
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